Em resumo, o livro fala que quando as pessoas têm um problema, elas têm a tendência de ficar maturando e buscando resolver todos os aspectos deste problema, focando apenas na melhoria dos defeitos em si, deixando de ver através... e, com isso, limitando as chances de encontrar boas soluções.
No exemplo acima, quando Spielberg percebeu que o protótipo de tubarão não funcionava, ele não gastou suas energias tentando construir um outro protótipo que funcionasse, ele simplesmente deixou a ideia de lado e partiu para uma solução BEM MAIS SIMPLES, mas que não era óbvia para a época 'vamos arrancar o boneco de cena e explorar o terror psicológico das pessoas - o público não precisa ver o tubarão para ficar com medo dele'.
Quando eu disse que achei que o livro prometeu mais do que entregou é porque eu criei a expectativa de que ele traria exemplos mais tangíveis como o do tubarão e que ele trabalharia mais a parte prática, a parte em que explora as formas de deixar o problema de lado e pensar fora da caixa, quando na verdade, toda a escrita foi focada na importância de não olhar para o problema (o que não deixa de ser bom, só não foi o que eu esperava).
A argumentação de não olhar para o problema foi muito bem construída, foram duzentas páginas de um texto leve, rápido e recheado de exemplos. Se o leitor é uma pessoa mais conservadora, mais racional, que tem mais dificuldade em resolver problemas e não sabe exatamente o porquê, o livro é excelente para dar essa quebra de paradigma. No entanto, falta o passo 2. "Legal, me convenceu... vou pensar fora da caixinha... mas e agora?" Então... esse "agora", não foi bem explorado.
Para as pessoas que já tem essa visão firmada, o livro deixa um pouco a desejar. Faltou ser mais exaustivo na parte prática, faltou citar mais exemplos aplicáveis no dia a dia como o do Spielberg.
Um ponto que eu gostei bastante foi quando o autor se referiu ao perigo de colocar muitas pessoas juntas para buscar soluções para o mesmo problema.
Como eu tenho a mesma opinião que o autor, eu fiquei bem empolgada porque ele construiu uma argumentação fantástica (baseada em pesquisa, claro) para quebrar aquela teoria que 'duas cabeças pensam melhor que uma' dizendo que quando muitas pessoas estão reunidas, a tendência é que:
- as pessoas sejam menos criativas;
- as pessoas sejam menos inovadoras;
- as pessoas sejam mais focadas em resolver os defeitos do que buscar novas abordagens (construir tubarões melhores);
- as pessoas sigam pelo mesmo lado mesmo que não estejam satisfeitas (é como se fosse aquele efeito manada: se o grupo todo está indo, então vamos)
- e por fim, a tendência é que as pessoas ajam buscando aprovação do grupo - o que limita totalmente a busca por uma solução.
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