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Filme #2 - Ricos de Amor

 


Seguindo para o segundo filme da lista do desafio Netflix temos o filme "Ricos de Amor" - ou como eu o chamo "aquele filme do cara do tomate". 

Ricos de Amor é uma comédia romântica brasileira que conta a história de Teodoro, o filho do "Rei do Tomate", o maior fazendeiro do interior do Rio e o dono de uma empresa milionária de extrato de tomates situada na capital carioca.

Teodoro, o "príncipe do Tomate", é um cara rico, infantil e mimado que finge ser um garoto humilde, prestativo e sem dinheiro para conquistar o coração de uma garota super independente que, obviamente, quer distância de caras como ele (vulgo, embuste!). 

Em paralelo, o filme também narra a busca de Teodoro pelo seu autovalor: como ele passou a vida colhendo os frutos plantados pelo seu pai (literalmente, kkk), ele quer conseguir algo pelo seu próprio mérito e concorre, anonimamente, a uma vaga de emprego na sua própria empresa. Como ninguém o conhece pessoalmente, ele "troca de lugar" com o seu melhor amigo e percebe como o tratamento das pessoas mudam quando ele se torna uma pessoa comum.

Particularmente achei o enredo bem interessante e, ao contrário das críticas, bem original. O grande problema é que como a trama alterna constantemente entre diversas situações com pouca (ou nenhuma) conexão entre si, acaba se tornando um pouco cansativa, perdendo aquela leveza gostosa que uma comédia romântica costuma ter, mas na certa esse é um filme que superou as minhas expectativas.

Minha nada importante avaliação:

Ricos de Amor - Nota 6.0 ♥️♥️♥️♥️♥️♥️
Ideal para: Passar o tempo e dar algumas risadas.
Nível de 'Açúcar': Muito baixo - Não achei o filme nada romântico.
Complexidade da Trama: Média.
Casal Paula e Teto: Nota: 4.0.  A opinião da crítica foi totalmente contrária e o casal foi muito elogiado. No entanto, eu não consegui sentir química alguma entre eles.
O que mais gostei: O personagem ralando muito para tentar conseguir a vaga na empresa do pai e vendo que outras pessoas com menos talento ganham mais atenção por conta da posição social que ocupam. 
O que menos gostei: A forma como o casal se reconcilia no final da trama, foi bem fraca, deixou realmente a desejar.
Personagem de Destaque: O Zelador Francisco se passando por um milionário. 
Assistiria novamente? Sim, mas só daqui a um tempinho.


Momento Spoiler - Minhas críticas ao filme 

Não é porque eu disse que o filme superou minhas expectativas que significa que não encontrei elementos que me incomodaram bastante: 

1º) O filme pecou em colocar elementos demais na história tornando a cansativa. Teria sido mais gostoso ter acompanhado um enredo mais simples e mais completo.

2º) A gente já tem consciência que uma característica do cinema brasileiro é fazer alguma denúncia da realidade, no entanto, o filme Ricos de Amor explora tantos temas sensíveis ao mesmo tempo e de uma forma tão superficial que a gente não consegue levantar bandeira nenhuma. E pior, o filme "toca na ferida" mas não dá o merecido desfecho às situações - o que não deixa de ser um ato irresponsável.

Por exemplo, um dos temas abordados no longa foi o assédio sexual. A personagem MAIS FORTE do filme é assediada pelo chefe durante o filme TODO. A gente sente o desconforto dela, a gente fica incomodado junto com ela e quando chega a hora do tão esperado confronto ela simplesmente pede demissão e muda de estado. OI????

Vamos lá, a personagem MAIS FORTE do filme DESISTE do sonho dela, da carreira dela, vai para um estado longe de sua família e seus amigos e não acontece absolutamente nada com o chefe. Oi???? Se isso não é um desserviço para a nossa sociedade não sei o que é... 

Não, o filme não quis desmerecer esse tema, mas, tanto esse, como todos os outros abordados, foram resolvidos às pressas, sem o mínimo de elaboração necessária para uma conclusão rica e convincente.

3º) O filme teve a "proeza" de ser  completamente INFELIZ ao abordar o tema de assédio em DOSE DUPLA!  

Ao mesmo tempo em que a trama retrata a personagem constrangidíssima com o assédio do chefe de um lado, outro personagem (desta vez, um homem) é  assediado por sua chefe que é bem sucedida na conquista. 

A segunda situação nos é apresentada de maneira completamente cômica e é o que nos prende e garante boas risadas na maioria das vezes.

Por se tratar de uma comédia, não teria visto problema algum nesta segunda situação SE, e somente SE, ela fosse o único assédio tratado nessa história.

Não é possível que não perceberam o quanto rir da 2a situação invalida completamente o sentimento da primeira 😔. 

Não é possível que em nenhum momento NINGUÉM percebeu que, ao invés de nos fazer refletir, apenas reforçaram o machismo estrutural? Perceba que em ambas as situações, os rapazes se deram bem e as mulheres levaram a pior. E no caso da segunda mulher, ainda gargalhamos na cara dela por ela ter sido enganada. Mas ainda não estamos preparados para essa conversa.

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No geral, o filme vale a pena ser assistido. 

Para quem não gosta de filme brasileiro pode dar uma chance, ele é legal.

Assista, tire suas próprias conclusões e nos conte.

Agora 'bora' para o próximo da lista.

Comentários

Ana disse…
Oieee!! Me surpreendi por ter gostado mais desse filme do que o primeiro da lista, porque eu realmente não gosto de filmes brasileiros, exceto aqueles antigos baseados em obras literárias. Esse pelo menos tem um fluxo um pouco melhor e tem a fotografia muito bonita.
Para mim teve três problemas, a falta de química entre o casal, essencial para as comédias românticas, a atuação falsa dos atores mais jovens e o monte de histórias paralelas.

--- contém spoilers ----
O filme teria sido mais interessante se eles tivessem focado em uma coisa só e as personagens de suporte tivessem mesmo só dado suporte. Teria sido mais legal se o Teto tivesse tido uma motivação maior para realmente querer ser tratado como uma pessoa "normal" e não ter sempre a atenção e privilégio por ser o filho do dono da empresa, a motivação dele para mim foi bem fraca para ele estar realmente disposto a sair de uma mansão e ser paparicado e querer começar por baixo e até estar disposto a viver na pobreza. Ele mal conheceu a Paula na festa, só porque ela falou duas frases de efeito ele passa a achar a vida dele um privilégio? Ele nunca se sentiu mal por isso, nem mesmo quando conheceu a Paula, então, pelo começo do filme, a motivação dele seria "conquistar aquela mina difícil que eu não consegui logo de cara", aliás, ele nem sabia se era isso mesmo que a Paula queria, ele só ficou com vergonha de falar quem era porque ela deu uma leve criticada na guerra do tomate e disse "ah você conhece essa gente?", mas mesmo isso não fez ele se sentir realmente mal por aquela vida. Nas histórias em que o rico quer trocar de lugar com alguém não tão rico, a gente consegue ver logo no começo que eles estão infelizes a ponto de querer ter outra vida, e o filme não mostra isso no Teto, portanto, acho que ele não teria tanta força de vontade de abrir mão dos privilégios para tentar outra vida. Sendo assim, teria sido mais legal se ele só tivesse feito isso para ir atrás da Paula e ir aprendendo o quanto ele era privilegiado ao longo das situações que ele passa, por mais que esses elementos sejam inseridos no filme, eu não senti uma real emoção da parte dele nesse ponto, ele já chega nas situações adversas sendo humilde.
Achei que ficou faltando emoção no filme, teria sido mais legal explorar só uma parte, ou ele tendo bastante dificuldade na empresa ou ele tendo bastante dificuldade em conquistar a moça, mas aí colocaram tudo ao mesmo tempo, inclusive sobre a vida dos outros personagens e aí acabou que nada teve sua devida importância porque quatro personagens disputaram aí duas horas na tela, geralmente a gente não precisa saber da vida completa das personagens de suporte, os amigos dos principais só aparecem junto com eles, eles não precisam ter seu próprio spotlight.

No fim das contas, eu gostei da proposta do filme, mas não me interessei ao ponto de realmente querer ver o final ou como as coisas se desenrolariam porque a história não apresentou um problema grande e principal para a gente ver como o Teto conseguiria resolver. Tudo foi apresentado e deixado de lado e acabou sendo um filme que eu deixei passando enquanto navegava na internet.

Mesmo assim, eu fiquei surpresa porque eu acho difícil encontrar produções brasileiras nesse nível, a gente quase não tem filmes de romance nesse estilo, e com a produção tão caprichada...bom, eu na verdade não tenho autoridade para falar isso porque eu assisto poucos filmes nacionais, já que a maioria dos que eu vi quando eu realmente tentava foram fora do meu gosto pessoal, apesar da história estar toda "all over the place" e os atores terem sido medianos, a fotografia e o storyboard foi maravilhoso, por isso eu acho que merece um 6! Gostaria de ver mais produções nacionais assim!!
Ana disse…
Agora comentando o seu post, nossa eu nem tinha parado para reparar na questão do "double standard", enquanto que o abuso do médico lá contra a Paula foi uma questão que a prejudicou, o abuso da chefe contra o Igor foi visto como legal, será que é porque ele no fim das contas aceitou ser assediado? No começo ele estava claramente incomodado com os avanços dela, mas decidiu aproveitar, já que ele não era muito experiente no assunto, e ainda pede dicas pro Teto para ter uma performance melhor.

E esse é mais um defeito do filme mesmo, a Paula, que na teoria deveria ser uma das principais, foi apenas uma coadjuvante, deram uma história para ela, ela tem seu spotlight sem o Teto (nas cenas dela trabalhando, indo pras festas) e depois não teve um final digno, ela simplesmente vai pra Amazônia, volta um ano depois perdoando o Teto sem ele ter feito nada para merecer isso, a não ser ter ficado meio que famoso pelo seu projeto, no fim ela saiu como uma certa interesseira né? Porque eles perderam o contato nesse ano que ela passou fora e só voltou porque leu no jornal ou sei lá onde sobre o projeto dele. A gente não vê ela na Amazônia, então, ela não deveria ter ganhado o spotlight antes, a gente deveria ter aprendido a história dela apenas através de conversas entre ela e o Teto, porque ela acabou ficando jogada pro escanteio no fim das contas e isso não teria sido um defeito se esse tivesse sido o seu papel desde o começo.

E o fato do médico não ter sido punido pelo seu mau caráter foi mesmo um grande desserviço, se o filme queria abordar esses assuntos, que tivesse ao mesmo ensinado alguma coisa de bom para as mulheres que sofrem o mesmo. Esse era um filme de comédia que deveria ter sido leve? Era, mas então, se esse for o argumento para não ter dado um desfecho apropriado, então não tivesse inserido o problema para começo de conversa. Ou a Paula é coprotagonista com o Teto e aí os dois tivessem uma resolução decente, ou só o Teto fosse o protagonista.

Veja o filme Quero Ficar com Polly por exemplo; o protagonista é o personagem do Ben Stiller, embora seu par romântico fosse a personagem da Jennifer Aniston, a gente conhecia suas características principais mas ela não tinha o seu lugar de destaque, pois era uma história de como o homem superou os seu modo de pensar que o prejudicou num casamento infeliz. Agora, em Como Perder Um Homem Em 10 Dias, que é o próximo da lista, tanto o homem quanto a mulher tinham uma motivação, eles tinham o seu tempo separado na tela, e cada um o seu objetivo, o seu grande problema a ser superado, e igualmente dividiram o seu espaço na história e cada um teve sua resolução apropriada e acho que isso é o que faz desses filmes gostosos de assistir, você quer ver o desenrolar da história, como cada um vai conseguir atingir o seu objetivo se ele vai crescer ou não, enfim, gera uma curiosidade e uma satisfação ao final, mesmo que você concorde ou não com as decisões finais.

O problema de Ricos de Amor, além dos muitos já citados, é que ele joga trezentas histórias e depois não as desenvolve apropriadamente e ainda deixa muitas coisas largadas e desleixadas, mas valeu a tentativa e espero abrir mais espaço para filmes desse gênero.

Juju Amaral disse…
Apesar dos furos de roteiro, como eu disse, eu gostei bastante do filme. Até as falhas do filme foram mais ricas para discussão do que o filme anterior e isso mostra que, mesmo falho, o filme conseguiu nos dar certo conteúdo e nos garantiu o dia de discussões =).
Juju Amaral disse…
E qual foi sua nota???